Governo de Cristina abandona um pedaço da Argentina e se preocupa com o que não tem;
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Saques na Argentina deixam três mortos e mais de 100 feridos
Nova ministra da Segurança toma posse em meio a caos
Distúrbios em Córdoba ocorrem durante greve de policiais; mais de 30 lojas são roubadas
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Janaína Figueiredo - Correspondente
Publicado: 4/12/13 - 11h00
Atualizado: 4/12/13 - 22h34
Saqueadores deixam um supermercado em Córdoba, na Argentina. Distúrbios deixaram um jovem morto Foto: AFP
Saqueadores deixam um supermercado em Córdoba, na Argentina. Distúrbios deixaram um jovem morto AFP
BUENOS AIRES - A província argentina de Córdoba foi cenário nesta quarta-feira de violentos saques a supermercados e estabelecimentos comerciais, em meio a uma greve dos policiais locais que exigem reajustes salariais. E enquanto os confrontos deixavam três mortos e mais de 100 feridos, em Buenos Aires tomava posse a nova ministra da Segurança - principal preocupação dos argentinos. Pela manhã, o advogado dos grevistas anunciou um princípio de acordo para elevar os salários, o que os faria voltar a suas funções.
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Em Córdoba, um jovem de 20 anos morreu baleado durante as invasões e roubos e 52 pessoas foram presas. Um homem de 85 anos também morreu ao passar mal ao ter sua casa invadida. Em Glew, na Grande Buenos Aires, 50 pessoas tentaram invadir e roubar um supermercado durante um corte de energia. O dono reagiu e morreu asfixiado, depois que os ladrões atearam fogo ao mercado.
Os problemas começaram ainda na tarde de terça-feira e se estenderam até a manhã desta quarta. Foram saqueados mais de 30 estabelecimentos comerciais, entre supermercados, lojas de eletrodomésticos e outras empresas. O temor de invasões levou cidadãos cordobenses a organizarem pequenas milícias para a proteção de suas casas e ruas. Vários comerciantes fizeram o mesmo e resistiram armados em suas lojas. O cenário de caos, com pneus queimados, vidros quebrados e motos incendiadas paralisou quase que completamente a cidade.
O governador peronista José Manuel de la Sota, que se encontrava em viagem oficial pela América Latina, regressou ao país. O governo da presidente Cristina Kirchner informou que não vai interferir no conflito.
- Lamentamos as vítimas, mas este é um conflito interno da província de Córdoba - declarou o chefe de gabinete, Jorge Capitanich.
De la Sota é um dos governadores críticos ao governo Kirchner, e considerado um potencial candidato do Partido Justicialista (PJ) nas eleições presidenciais de 2015. Nas últimas eleições legislativas, seus candidatos foram os mais votados em Córdoba, província na qual o kirchnerismo ficou em quarto lugar.
- Meu telefone não recebeu ligação alguma do governador De la Sota - disse Capitanich, negando que o governador de Córdoba tenha pedido ajuda ao governo nacional.
No entanto, o governo de Córdoba assegura ter pedido o envio da Gendarmeria (corpo de segurança nacional) à província. No fim da tarde, o governador e os policiais grevistas assinaram um acordo. A polícia começou a se mobilizar, mas os saques continuam em algumas regiões.
Em meio ao caos, o governador la Sota voltou às pressas da viagem que fazia para a Colômbia e o Panamá para tentar fechar um acordo com os policiais, a quem ele já havia afirmado não ter dinheiro para o aumento de salários demandado. Com o caos, entretanto, ele entrou em acordo e elevou o piso da província para cerca de R$ 3 mil. No final da tarde de ontem, as ruas da capital voltaram a ter policiamento reforçado, mas focos de saques ainda eram noticiados pela imprensa local.
Assunto chega ao Congresso
Em Glew, cerca de 50 pessoas tentaram saquear o supermercado do chinês Lin Zhang Xian durante a falta de luz provocada por um temporal. Lin tentou evitar o roubo com tiros, ferindo duas pessoas. Em represália, os ladrões colocaram fogo no supermercado, matando o dono asfixiado.
Os policiais foram atacados com pedradas ao chegarem ao local. Seis suspeitos foram presos.
No Congresso, deputados da oposição pediram a implantação de uma Lei de Emergência de Segurança Nacional. Integrantes dos partidos União Para Todos, Democrata de Mendoza e PRO apresentaram um projeto de lei de emergência com o objetivo de dar à polícia poder “para superar a situação de perigo coletivo que a nação possa enfrentar”.
“Como vimos mais de uma província necessita da colaboração das Forças de Segurança Nacionais para combater situações de violência, distúrbios sociais ou a luta contra o narcotráfico e o delito. No entanto, travas jurisdicionais ou burocráticas negam essa ajuda ou fazem com que ela chegue de forma tardia. Esse projeto busca pôr fim a esses impedimentos”, disseram os deputados em comunicado conjunto.
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